Amor e apego exagerado andam quase sempre de mãos dadas. Isso porque, quando o assunto toca o coração, fica difícil ver com clareza ou manter o equilíbrio.
Razão dá lugar à emoção e, se você não está na mesma sintonia que o amado, pode carregá-lo a reboque, aprisionado. O contrário também acontece e você começa a achar que sem aquela metade, sua laranja nunca vai ter o mesmo gosto.
Mas tudo isso é negativo se o apego se transformar em prisão. Aí, é fato que tudo que você faz apenas enterra ainda mais a relação, perdendo referência de liberdade e individualidade. No meio desse caminho, a relação desbota. Perde a cor, o cheiro. O desejo vai embora e fica complicado resistir à anulação.
O psicólogo Paulo Tessarioli, especialista em sexualidade humana, afirma que dependendo da fase do relacionamento, o apego é esperado. “Mas quando amar demais é a expressão de um amor sem limites, em que o outro se torna uma espécie de obcessão, sem dúvida este sentimento pode assustar”, afirma. Quando o apego não evolui naturalmente para carinho e cuidado – e continua obsessivo – é sinal de que há uma dependência, que precisa de ajuda profissional para ser superada.
Isso porque é importante preservar a própria individualidade, em qualquer tipo de relação, sendo condição essencial até para a saúde física e mental. Por meio da manutenção da individualidade, a relação passa a ser saudável para ambas as partes.
“No início de qualquer relação afetiva, é comum o casal se afastar do convívio social e familiar, preferindo ficar juntos e a sós. Porém, aos poucos, é preciso resgatar este convívio, como forma de nutrir o próprio vínculo e manter vivos e saudáveis os protagonistas da relação”, sugere o profissional. Segundo ele, ainda, o sentimento em excesso no início da relação pode gerar um efeito contrário com o passar do tempo e imprimir a sensação de sufocamento.
Ninguém precisa deixar de se dedicar com afinco no início de uma relação e continuar fazendo isso quando o tempo passa. Basta ter consciência da intensidade da coisa e de que o amor, por si só, não é suficiente para que a relação seja ‘eterna’. “Imagine que sua mãe guardou seu primeiro cobertor, que você usava quando ainda era bebê. Tente se cobrir nas noites frias com este cobertor. Qual será o resultado? Na vida amorosa é a mesma coisa. Temos que renovar sempre os votos e atitudes amorosas para com o outro e isto tem que ser feito sempre em revezamento”. Tentar olhar de fora a própria relação também pode ajudar a calibrar o equilíbrio entre o amor que sente pelo outro e o que tem por você mesmo.
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