A matemática da música
- Drika Gomes

- 30 de set.
- 2 min de leitura
Atualizado: 1 de out.
Desde a Antiguidade, a música sempre foi vista como mais do que arte. Ela é também matemática em movimento.

No Desktop é possível ouvir completo. No iPhone e Android, o player mostra apenas a prévia. Para ouvir completo, clique em ‘Ouvir no Spotify’ e abra direto no app
No século VI a.C., Pitágoras descobriu que uma corda vibrando em proporções exatas produzia sons harmônicos. Ao dividi-la ao meio, surgia a oitava; em 2:3, aparecia a quinta; em 3:4, a quarta. Assim nasceram os intervalos que até hoje regem a música.
Dessa descoberta veio a ideia da “música das esferas”: os planetas, tal como as notas, obedeceriam a proporções matemáticas invisíveis. Pode soar místico, mas é também científico. A natureza vibra em padrões numéricos, e nosso ouvido reconhece esses padrões como beleza e ordem.
Bach: a música perfeita para os números
Se existe um compositor que encarna a perfeição matemática, esse é Johann Sebastian Bach. Obras como O Cravo Bem Temperado e A Arte da Fuga são estudadas até hoje por matemáticos e físicos.
Bach trabalhava com simetrias, retrogradações e proporções que lembram fórmulas algébricas. Em algumas fugas, é possível ler a partitura de trás para frente e ainda assim ouvir harmonia. É a geometria da música em estado puro.
A matemática ontológica e o som
A filosofia contemporânea também lança luz sobre essa relação. A matemática ontológica, de pensadores como Alain Badiou, propõe que o ser é estrutura, e a matemática é sua linguagem fundamental.
Aplicada à música, essa visão mostra que cada nota é mais que som: é número em vibração. A escala musical traduz a ordem do universo, revelando que tudo o que existe pode ser descrito em relações matemáticas.
A música, então, é a face sensível da matemática. É quando o número se torna emoção.
Nomes e pesquisas que marcaram essa jornada
Pitágoras: pai da teoria dos intervalos musicais.
Platão: via a música como reflexo da ordem cósmica.
Leibniz: “a música é o prazer que a alma sente ao contar sem saber que está contando.”
Helmholtz: estudou as bases físicas e matemáticas das sensações sonoras.
Pesquisas atuais em teoria dos grupos e geometria algébrica mostram como padrões musicais estão ligados às estruturas da matemática pura.
Entre o silêncio e o som
A matemática da música não é apenas cálculo: é uma ponte entre ciência e alma. Quando ouvimos Bach ou uma simples melodia em proporções perfeitas, sentimos algo maior do que nós mesmos.
A música é a matemática que dança. O silêncio que se transforma em som. O número que se veste de emoção.





Comentários